Carta 8

Querido leitor,

    É como se todo o mundo fosse uma faísca incrível de novidades, movimento, coisas incríveis e imperdíveis. É como se eu estivesse num espiral de dar conta de ver, absorver, responder, compreender e entregar tudo. Tudo o que eu preciso e o que quero, querem, queremos. Não é justo. Por quê não consigo acompanhar o fluxo interminável de energia, possibilidades e alegria? Por quê no fim do dia eu não consigo nem trazer felicidade a mim no tempo que programei para ser feliz?
    Não sei se quis abraçar o mundo com braços, pernas e uma cauda imaginária que criei para mim. As outras pessoas parecem desempenhar essa vida maluca com tanta precisão? Ou é o que elas mostram? Que maldita era é essa em que ninguém consegue dizer a verdade sobre esse buraco oco que cresce dentro de nossos peitos?
    Pera. Só há isso em mim?
    Não é como se eu odiasse tudo que eu escolhi para viver. Mas por quê é tão doloroso o processo de chegar em algum ponto melhor da vida? Por quê eles nos entopem de luzes brilhantes e informações em nosos bolso e fazem essa chantagem deliciosa de que se eu não estiver a par de tudo, não sou parte desse mundo? Não é justo. Só quero poder ser mediana em tudo que gosto, sem deixar de saber como andam meus amigos. Só quero existir num espaço físico, presente e sem recortes. Sem um filtro, uma música e uma sugestão de que sou milimetricamente exata e cabível naqueles malditos pixels da foto. 
    Eu não desistirei nunca de querer ser excentrica. Nunca de ser esquisita. Mas não é justo eu precisar prestar contas à esse bando de gente igual.
 

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